Por Nádia Medici
A tradicional festa de fim de ano tem a magia de gerar lembranças incríveis nas crianças em um momento tão especial para as famílias.
O final do ano chegou e, com ele, muitas atribuições que permeiam o dia a dia dos pais. Parece que o tempo está passando cada vez mais rápido, os dias estão mais curtos e as responsabilidades, quando a rotina envolve crianças, parecem ainda maiores.
Considerando todo o movimento do mês de dezembro, este texto tem a intenção de orientar uma importante atividade, trazendo uma pausa necessária para a construção da memória afetiva.
Mas, antes, precisamos entender o que é memória afetiva, quais impactos trazem para vida de nossas crianças e, por fim, como criá-las em época de Natal.
Memória afetiva é uma lembrança que surge a partir de um gatilho, podendo ser desencadeado ao encontrarmos um objeto, sentirmos um cheiro, depararmos com uma cor ou uma pessoa, ou até mesmo quando ouvimos um som ou uma música.
Certamente, já na vida adulta, nos conectamos por meio de elementos diversos com os momentos vividos no passado, tais como as brincadeiras jogadas com todos descalços na rua; o colo de vó; a época em que a família enchia a casa de praia; e a mesa repleta nos almoços de domingo. Não importa qual seja a lembrança, mas lá está a memória afetiva, sempre presente na relação entre um elemento físico (objeto, cheiro, cor, pessoa, etc.) e os bons sentimentos que recordamos da nossa infância.
Diante do que foi exposto, é evidente que, para se estabelecer uma memória afetiva, devemos priorizar momentos de conversa em família, relação próxima e atenta às nossas crianças.
E é na primeira infância que a memória afetiva acontece de maneira mais proeminente. Ou seja: é a fase mais importante para construção de valores, para a comunicação e a escuta ativa. No momento em que nos dedicamos à construção dessas memórias e a valorizamos, contribuímos para que a criança cresça em um ambiente no qual ela se sinta segura e feliz, com oportunidade de desenvolver seus valores e sua capacidade de lidar com os sentimentos positivos e negativos.
As vivências de uma criança, sejam elas em família, na escola ou em qualquer outro ambiente social, são importantes para construção de sua personalidade. Não temos a capacidade de estabelecer uma memória contínua da nossa primeira infância, mas recordamos de momentos que nos traziam segurança e alegria, como também os episódios desconfortáveis, mas sabíamos onde encontraríamos refúgio e aprendizado.
São essas lembranças, as memórias afetivas, que possibilitam um melhor entendimento dos sentimentos das crianças em sua vida adulta.
Por si só, o Natal é um elemento que desencadeia diversas memórias afetivas. Mas queremos levantar a reflexão nesse momento sobre como elas estão sendo criadas em nossas crianças diante de tempos tão ágeis e, muitas vezes, rudes com a organização familiar que conhecemos.
Todas as ações simples que vamos executar tornam-se mais eficientes a partir de um planejamento. É importante envolver as crianças nesse momento.
Será que podemos aproveitar os enfeites de Natal do ano anterior? Junte toda família e avalie se será necessário ir às compras, trocar o tamanho da árvore de natal e/ou adquirir novos adereços para ela.
Comemoraremos em um jantar ou no almoço? Será na casa da “Tia Maria” ou do “Avô José”? Lembre-se: caso precisem ir ao supermercado, é importante fazer a lista com as crianças. Enquanto os pais falam os ingredientes, os pequenos podem anotar ou ilustrar numa folha simples e cheia de significado.
A todo momento, a família estará definindo e dividindo tarefas.
Começamos a reflexão neste texto considerando as dificuldades dos “afazeres dos pais x tempo”. Em momento algum podemos desconsiderar as responsabilidades dos pais com suas obrigações, mas é preciso atentar para a necessidade de dispor tempo com seus filhos, não apenas de “corpo presente”, mas que seja um momento de disponibilidade e qualidade, no qual o único foco seja a criança.
Aproveitem a época de Natal e demais festividades e vivam momentos reais, construam tradições e sintam-se pertencentes à história e no estabelecimento das memórias afetivas na vida dos seus filhos.
E por aí? Como está a organização natalina da sua casa?
