O que o seu filho vai ser quando crescer?
“Quero que meus filhos entendam o mundo, mas não só porque o mundo é fascinante e a mente humana é curiosa. Quero que eles o entendam para que se posicionem a fim de tornar o mundo um lugar melhor.” (Howard Gardner)
Por Josana Caversan
Atualmente o universo infantil parece ser algo separado das relações de produção. E, de certo modo, ainda bem! É claro que o trabalho infantil é abominável, mas, não se pode negar que, antigamente a criança participava dos afazeres dos adultos de maneira mais ativa e por isso vivenciava situações mais próximas da realidade do cotidiano do trabalho, o que a possibilitava outra compreensão de mundo, mais estreita com o seu próprio futuro. Não que isso possa ser considerada uma vantagem para a criança em si, mas contribuía na antecipação das suas escolhas profissionais ou as tornava uma tarefa menos difícil, já que antes também estas escolhas eram muito mais restritas, dado o número reduzido de profissões.
É interessante que esta compreensão de mundo do trabalho, que outrora era vivenciada muitas vezes na prática pela criança, seja transmitida pelo adulto, nos dias de hoje, de forma lúdica e sempre que possível, para que o pequeno adquira conhecimentos como os possíveis locais de trabalho que existem e o impacto de cada função na sociedade, introduzindo conceitos e ideias como: o que é trabalho, porque trabalhamos, quais os tipos de trabalho existem, entre outros, favorecendo assim o entendimento e as possibilidades de escolha profissional no futuro pela criança.
A escolha da profissão, por vezes, é um processo dinâmico, que pode mudar ao longo da vida das pessoas e não deve ser um tema que gere preocupação no sentido de tentar definir ou influenciar insistentemente o que a criança será quando crescer, mas sim de mostrar possibilidades e aumentar o repertório de conhecimento sobre as coisas, fazendo-a descobrir suas potencialidades, seus gostos e suas aptidões.
Ressalta-se que, por meio do brincar a criança pode assumir diversos papeis e, de certa forma, funções sociais dos adultos, que muitas vezes são profissionais, como, por exemplo: o dentista – quando examina os dentes da mamãe, o professor – quando brinca de ensinar com a lousa, entre tantas outras profissões.
É válido que você nomeie as profissões e estimule ações no brincar que as representem, mas o mais importante é que busque o desenvolvimento das múltiplas habilidades e interesses do seu filho, sem necessariamente direcioná-lo para uma carreira específica ou pressioná-lo a pensar no que vai ser quando crescer. Isso não deve ser uma preocupação da infância!
Quanto mais amplas e positivas forem as brincadeiras maior será o repertório de conhecimentos sobre as profissões, contribuindo para que a criança de hoje seja o adulto que no futuro terá condições de tornar o mundo um lugar melhor para os outros e consequentemente para si, por meio da escolha acertada da própria profissão.