Comportamento

Socorro! Meu filho está mordendo todo mundo

25/05/2022

Por Nádia Medici

 

“Nhac” é a onomatopeia que apavora muitas famílias. Sinal de que a “fase do morder” chegou. Para lidar com ela, é necessária muita paciência. Se na sua casa, você está passando por isso, precisamos entender os motivos que levam os pequenos agirem dessa forma.

 

Mesmo sendo uma situação comum da primeira infância, é claro que ninguém gosta de receber a notícia que seu filho foi mordido ou mordeu algum coleguinha. Quando o fato se torna frequente, é natural o despertar de reações negativas e sentimento de indignação, tristeza, medo e até frustração. Para uma melhor administração desses sentimentos, precisamos entender os motivos que justificam tais reações.

A fase oral inicia-se no nascimento. É por meio da boca que a criança mama, sacia sua fome e sente prazer. Por meio do grito de choro, suas necessidades são atendidas. Ou seja: tudo que pega, leva à boca, como forma de conhecer o mundo, experimentar sabores e texturas, fase que exige muita atenção dos adultos que estão à sua volta.

 

Socialização

Quando as crianças começam a frequentar a creche/escola, comum entre os dois anos, ainda não sabem se expressar verbalmente. Utilizar as manifestações corporais para interagir com o meio é  uma opção comum.

Por isso, nem sempre a mordida será um ato de raiva ou de agressão, mas pode ser uma demonstração de carinho ou uma forma de chamar a atenção. Afinal, até o momento, sua interação era restrita aos familiares, ambiente no qual se sentia confortável. Mas a nova realidade é que tudo mudou, mas a boca continua sendo um canal de comunicação com o mundo externo. Diante do que foi exposto, é importante entender que ambas crianças precisam receber acolhimento, tanto a que morde quanto a que é mordida.

 

Ações práticas

É muito importante que um adulto atue como mediador nesses momentos. Principalmente a criança que morde precisa desse auxílio para ajudá-la a identificar os motivos que a levaram a morder. Sempre destacando que sua ação machucou o colega e o entristeceu. É necessário evidenciar que as pessoas gostam de carinho e abraços. Mesmo não verbalizando, é importante incentivar a fala e dizer que é importante pedir ajuda e falar quando fizerem algo ruim, mas nunca morder o colega.

Trabalhe com o reconhecimento das partes do corpo humano e suas funções. Diante de um episódio de mordida, resgate os aprendizados lembrando: “Para quê serve aboca mesmo?”, “para falar, morder os alimentos, mastigar…”.

Por fim, fique atento às brincadeiras que estamos habituados a fazer, tais como: encher a barriga de mordidinhas carinhosas, ou falar “vou te dar um mordida”. Sabemos que são maneiras saudáveis que os adultos utilizam para interagirem com a criança, mas elas acabam atuando como uma espécie de normalização da mordida. Troque as mordidinhas por beijinhos e contribua para uma educação pautada no exemplo.

Siga o Sundays no Instagram